Como contruir e desenvolver os princípios de convivência democrática na escola?
Fernando Osório Pereira (fernando2308@yahoo.com.br)

Palavras-chave: Gestão Escolar, Democracia e Sucesso.

No módulo V do Progestão caderno de estudo: como construir e desenvolver os princípios de convivência democrática na escola? de Maria Celeste da Silva Carvalho e Ana Célia Bahia Silva, deixa claro que a Gestão Escolar é um tema que tem atraído o interesse dos educadores que exercem a função de gestores, pois o direcionamento do trabalho realizado e o embasamento teórico transformam as ações e as concepções de cada um. Tornar as escolas participativas e sua comunidade envolvida com questões antes não discutidas em assembleia é um grande passo para o desenvolvimento da sociedade. O desafio de traçar objetivos e alcançar metas é posto a frente de cada gestor, basta saber quem esta pronto para o sucesso.
Aceitar a função de gestor, mesmo que de forma democrática como já vem sendo realizada, exige um vasto conhecimento nas áreas de administração pública, didática, relações humanas, entre outras que muitas vezes são inerentes a função. Nesse sentido, torna-se necessário ao gestor a dispolibilidade de adquirir os conhecimentos necessários para que possa realizar seu papel de maneira brilhante e eficaz, atingindo os objetivos propostos a função.
Estar aberto a novas práticas e a novas experiências pode ser um dos caminhos a seguir nesta jornada bastante difícil, porém gratificante quando realizada com sucesso. Gerir é administrar e de certa forma nosso sistema educacional deve ser ser encarado como uma empresa, onde temos nossa equipe de trabalho, nossa clientela e a comunidade ao entorno que faz as constantes avaliações das produções realizadas e seus benefícios. Negar essa visão um tanto quanto dura de a escola ser uma empresa pode levar ao caos todo o sistema educacional brasileiro. É preciso estar consciente de que encararmos a escola deste modo teremos profissionais mais empenhados no exercício de suas funções e a escola deixará de ser um mero instrumento público e gratuito que dá valor, inclusive seus maiores beneficiários que são os próprios educandos.

Quando se trata de escola-empresa ou escola-avaliação, geralmente o panorama encontrado é o de espanto, medo ou indignação, mas, o primeiro passo para um bom trabalho é a avaliação institucional, pois através dela é possível detectar as possíveis falhas dos diversos setores e então partir para a construção de estratégias para a melhoria da qualidade de oferta dos serviços, mais esta avaliação somente será validada quando houver o envolvimento de todos os membros da comunidade, onde todos possam exercer seu direito a cidadania de forma democrática e legítima.
O exercício da cidadania é um dos princípios fundamentais para a vivência social, onde o indivíduo pode-se valer de seus direitos sem deixar de lado seus deveres, tornando sua existência participativa em seu meio, conhecendo melhor sua comunidade, envolvendo seu entorno em projetos que venham de encontro com as necessidades reais de sua localidade. Um grande exemplo de exercício de cidadania são as parcerias oferecidas às escolas como forma de minimizar as disparidades sociais encontradas, onde o grande objetivo é proporcionar ao educando de uma comunidade menos favorecida, os meios necessários para que ele possa se sentir incluso à sociedade como um membro efetivo e preparado.
A escola através de sua equipe gestora deve se sentir capaz de coletar os dados necessários para transformar uma parceria (seja interna ou externa), em um momento especial de transformação social e de interação com novos conhecimentos que são postos a disposição nas mais diversas redes. O trabalho coletivo, que já é uma linha de expressão da democracia, deve permanecer sempre como o ponto norteador, haja visto que o objetivo de todos os envolvidos com a educação, seja direta ou indiretamente, é onde diminuição das desigualdades, através de uma educação de qualidade e com acesso a todos. Em se tratando de educação de qualidade, as escolas devem estar organizadas de forma que seus objetivos e metas, venham de encontro com a realidade  da comunidade em seu entorno, visando os pontos acima citados. Para que isto ocorra é necessário que seja feito um planejamento da política escolar, onde as discurssões e propostas fiquem registradas no documento de base da escola que é o “Projeto Político Pedagógico”. Este documento deve ser elaborado por todos, de forma que a escola passe a ter um direcionamento que a promova frente às dificuldades de sua comunidade. “O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da ‘cara’ que tem, com seu cotidiano e o seu tempo-espaço, o contexto histórico em que ela se insere. Projetar significa ‘lançar-se para frente’, antever um futuro diferente do presente. Projeto pressupõe uma ação intencionada com um sentido definido, explicito, sobre o que se quer inovar.” Ter consciência da realidade vivida e saber estudá-la, torna-se um forte elemento para a construção do saber com qualidade.
Educação de qualidade implica na dedicação de cada envolvido em transformar um simples gesto em motivação e estimulo, onde o desenvolvimento e a aprendizagem de cada indivíduo façam parte do progresso coletivo. A coletividade inserida no sistema educacional ou mesmo em uma unidade específica gera segurança. Pode contar com Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar, Associação de Pais e Mestres, entre outros colegiados juntamente com outras parcerias, somente reforçam a ideia do fortalecimento democrático dentro das escolas e da participação dos vários segmentos da comunidade ao seu entorno que passam também a ser responsáveis pelas realizações da instituição a qual faz parte. A autonomia dada à escola e a seus colegiados não abrange apenas as questões de aprendizagem, parcerias ou entrosamento, abrange também a gestão financeira que é bastante delicada, pois a escola faz parte de um sistema de administração pública. A gestão financeira deve ser encarada como um desafio, onde a todo momento e a cada decisão é necessário consultar leis, os colegiados, a comunidade e as definições colocadas no Projeto Político Pedagógico, para que os gastos sejam condizentes com a realidade da escola, sem deixar de destacar a limpidez e transparência que devem constar na prestação de contas. O desafio não deve estar na gestão de recursos públicos, mas também na de recursos próprios.
Ao gestor cabe não apenas o gerenciamento de recursos financeiros, mais também recursos materiais, patrimoniais, pedagógicos, humanos e principalmente a articulação com a comunidade. Esta articulação se torna extremamente importante, pois é através dela que a escola ganha os reforços como os colegiados, as agremiações, as parcerias, a participação efetiva de pessoas dispostas a ajudar na construção de uma escola melhor e aberta a todos que dela necessitam. Para que o gestor possa instigar a construção de uma escola melhor é preciso que ele conheça a realidade de sua escola, seus desejos, suas angústias, suas carências. É preciso que ele avalie a real situação de cada setor e principalmente se deixe se avaliado. Todos têm responsabilidades na gestão escolar, seja direta ou indiretamente, bem como todos podem ser beneficiados com os resultados de uma boa gestão, tendo ao seu alcance a liberdade de usurfruir os espaços públicos disponibilizados de forma coerente e justa para sua comunidade.
A avaliação não deve se ater apenas a um questionário com perguntas de múltipla escolha sem objetivo, direcionado apenas aos gostos particulares de cada um com relação a determinado assunto. Ele deve ser instigador e transformado em um instrumento de busca e aperfeiçoamento. A avaliação deve ser realizada em todos os aspectos da escola não com caráter de merito, mais com visão de melhoria na qualidade de oferta de serviços,  pois os mesmos devem vir de encontro com as necessidades da comunidade entendida e esta merece não só como prevê a lei – igualdade de condições, qualidade na educação, etc.
O gestor de sucesso não deve jamais esquecer dos passos fundamentais: avaliar, planejar, executar, sendo que nenhum deles poderá ser realizado sem o principal: a participação da comunidade que é o maior responsável pelo crescimento de uma escola brilhante. Vai encarar o desafio?

Referências Bibliográficas
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