Como gerenciar o espaço físico da escola?
Fernando Osório Pereira (fernando2308@yahoo.com.br)

Palavras-chave: Patrimônio, Planejamento, Identidade e Autonomia Escolar.

No módulo VII do Progestão caderno de estudo: “Como gerenciar o espaço físico da escola? de Ricardo Chaves de Rezende Martins e Rui Rodrigues Aguiar, expõe sobre a importância do patrimônio material e imaterial da escola. Quando pensamos em patrimônio escolar pensamos logo no patrimônio material, algo que é palpável, com custo determinado, infra-estrutura, dificilmente referimos ao imaterial, costituído pela identidade da escola, historicamente construído em sua relação com a comunidade, a partir de seu projeto pedagógico.
Martins e Aguiar (2001) aponta o conceito de patrimônio  escolar e mostra que o patrimônio imaterial é um fator decisivo na conservação do patrimônio material. Já pensou toda a comunidade defendendo o patrimônio da escola, tanto o material como o imaterial, contra depredações ou dilapidações? Essas depredações e dilapidações podem comprometer a infra-estrutura física, os equipamentos e o mobiliário da escola, pondo em risco a própria imagem do estabelecimento, repercutindo em sua credibilidade e identidade na comunidade.
A questão do patrimônio imaterial é fundamental, ele é parte integrante da história da comunidade. É por essa razão que se torna importante resgatar e preservar a história da instituição, manter sua memória. Quando lembramos dos nossos tempos de escola, o que vem à mente? Podemos citar alguns professores, a estrutura física da escola, determinada aula, os amigos, as festas, as gincanas, os projetos, enfim, uma infinidade de ações e situações. Uma escola é o resultado de um conjunto de experiências acumuladas, do trabalho de muitas pessoas que lutaram por ideais, desenvolveram planos e projetos, alcançaram êxitos e amargaram fracassos.
A gestão do patrimônio envolve um conjunto de técnicas que permite ao gestor e ao coletivo da escola planejar e executar ações de aquisição, registro, movimentação, manutenção, reposição e alienação de móveis e equipamentos de propriedade da escola e com longa vida útil. A gestão de material trata da identificação de necessidades, compra e controle do estoque dos suprimentos usados cotidianamente na escola para o seu funcionamento. Podemos associá-la ao controle sobre material de higiene e limpeza, material de expediente, gêneros alimentícios e etc. A questão da segurança na gestão do ambiente físico escolar implica um conjunto de medidas para a proteção do patrimônio escolar, a existência de condições de higiene e salubridade, além de proteção à integridade física e moral dos membros da comunidade escolar.
Uma questão importante a ser destacada é a influência da gestão de material no planejamento e execução das atividades pedagógicas. É evidente que cada uma das atividades relacionadas à gestão do ambiente físico possui repercussões imediatas na vida escolar e, portanto, precisam ser monitoradas, para que não influenciem negativamente a gestão pedagógica da escola. Imaginemos, por exemplo, um professor altamente motivado ao aplicar, na sua turma, uma atividade lúdica e inovadora que ele aprendeu assistindo a uma programação da TV Escola. Para realizar a atividade, o professor precisará, simplesmente, de três folhas de papel cartolina em cores diferentes. Então, ele solicita o material à escola, mas é informado que o papel solicitado não está disponível e não existe previsão de quando chegará. Frustante, não é mesmo?
As consequências de uma situação como essa podem ser percebidas no trabalho do professor e no potencial de aprendizagem dos alunos: pouca motivação para introduzir novas técnicas de construção do conhecimento e pouca oportunidade de construção do conhecimento a partir de atividades que os envolvam no conteúdo da disciplina, potencializando a motivação e aprendizagem dos alunos.
A gestão do ambiente físico da escola pode ser panejada e executada a partir da estruturação de atividades em quatro conjuntos de ações: patrimônio escolar, material de consumo, espaços de aprendizagem e espaços comuns.
Temos sempre que estar questionando: Como anda a gestão do ambiente físico de sua escola? De que forma a gestão do ambiente físico da escola pode ser planejada? Na escola pública, a gestão do patrimônio escolar costuma ser especificada em manuais de procedimentos ou instrumentos legais, pelos órgãos responsáveis pela supervisão do trabalho escolar. Esses procedimentos costumam ter por base os princípios gerais de administração do patrimônio, que podem ser assim resumidos: identificação das necessidades; identificação das fontes de recursos; registro dos bens; movimentação dos bens; venda, fruto, doação e inutilização; e inventário anual.
Esse método de gerir o patrimônio escolar tem como função garantir que os recursos obtidos pela escola para a compra dos bens permanentes, seja por meio do orçamento público, seja por meio de doações, possam ser protegidos contra desvios de toda natureza, inclusive roubos e utilização incorreta.
Um outro fator importante que pode contribuir para a gestão do ambiente físico da escola são as parcerias. A partir da última década do século passado, as empresas descobriram a importância do conceito de responsabilidade social como forma de conduzir os negócios, de modo a tornarem-se parceiras e co-responsáveis pelo desenvolvimento social. Empresas socialmente responsáveis possuem capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes e conseguem incorporá-los às suas atividades, visando não somente à questão do lucro. Com isso, tendem a solidificar sua imagem na comunidade, garantindo, de forma efetiva, a sua sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo.
A partir da experiência do mundo dos negócios, esse conceito também pode ser adotado pela escola, pois implica, principalmente, a tomada de decisões ligada a valores éticos, de acordo com exigências legais, respeito às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente. Uma das principais formas de implementar a responsabilidade escolar é por meio da gestão participativa. Aliada a ela, cresce, com grande força, a aceitação de voluntários dentro e fora da escola, como suporte às diversas atividades administrativas e pedagógicas.
No âmbito da gestão do ambiente físico, utilizar voluntários pode ser a diferença entre conseguir organizar, ou não, eventos para conseguir fundos para a compra de bens. Porém, o trabalho voluntário não deve ser relacionado a amadores e pessoas sem compromisso. Temos que preocuparmos com a eficiência dos serviços, com a qualificação dos voluntários, com o desenvolvimento organizacional e com os resultados produzidos.
As vantagens do trabalho voluntário podem ser identificadas, para as pessoas, em relação ao aspecto emocional que as ações de ajudar ao próximo podem trazer e, para a escola, em relação ao desenvolvimento do espírito de equipe, o senso de solidariedade e a motivação. Convém que o voluntário assine um termo de adesão ou de trabalho voluntário, para evitar futuros problemas para a escola, como, por exemplo, a reivindicação de posto de trabalho ou de remuneração pelos serviços realizados voluntariamente.
A escola pode ainda buscar desenvolver parcerias com as pessoas da comunidade, bem como com empresas que adotem ações socialmente responsáveis, para garantir o bom andamento da gestão espaço físico escolar e dos aspectos pedagógicos.
Internamente, esses mesmos pressupostos podem ser utilizados para envolver, democraticamente, pais, professores, funcionários e, principalmente os alunos, em ações que visem adotar a escola  de um ambiente mais seguro, limpo e agradável.
Portanto, diante de tudo que foi exposto, garantir a participação e a ação dos alunos em tais atividades, além de trazer benefícios para a escola, contribui de forma consistente para a formação de pessoas mais felizes e comprometidas com valores sociais como solidariedade, a inclusão, a paz, dentre outros.


Referências Bibliográficas
MARTINS, Ricardo Chaves de Rezende. PROGESTÃO: Como gerenciar o espaço físico e o patrimônio da escola? Módulo VII/ Ricardo Chaves de Rezende Martins, Rui Rodrigues Aguiar; coordenação geral Maria Aglaê de Medeiros Machado. – Brasília: CONSED – Conselho de Secretários de Educação, 2001.

LÜCK, Heloisa. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.